segunda-feira, 2 de março de 2009

Slumdog millionaire


Pois é... toda a gente fala no filme e o que posso dizer é que adorei...
Gosto do Danny Boyle desde o Transpotting e gosto que o realizador do Transpotting tenha ganho 1 Oscar em Hollywood.

Gostei da fotografia do filme, adorei a banda sonora e a forma como o realizador bebeu de Bolywood a utilização da música nos filmes, gostei dos actores: o olhar sincero de Dev Patel, a mt bonita Freida, a belíssima interpretação do irmão do Jamal na fase mais nova, gostei do argumento e do ritmo que o D. Boyle imprimiu ao filme e claro adorei a simplicidade da história e a história de amor subjacente.

Gostei tanto que até já vi o filme mais do que 1 vez... e isso a sério, mt a sério só me tinha acontecido com o Drácula do Coppola (que vi 4 vezes no cinema), mas na altura tinha 18 anos, estava tremendamente apaixonada e a ideia de 1 amor que atravessava séculos era demasiado tentadora para não me deixar arrebatar (além de que o filme era mt bom!).

Mas gostei do Slumdog sobretudo porque retrata exactamente a imagem que tenho da Índia... e como ando mortinha por voltar a viajar fiquei cheia de saudades...
A miséria, a pobreza imensa, a fome, os meninos de barriga inchada (que nunca tinha visto antes, nem em África), a intensidade dos cheiros, as ruas apinhadas, a forma como abanam a cabeça para dizer que sim, as ruas vibrantes e sobretudo o optimismo que se sentia nas pessoas...

Sentia-se nas pessoas o GDP a crescer 7%/ano (qd nós crescíamos 1% a 2%). "O meu filho está a estudar computadores. Vai ganhar 500USD/mês...". A construcção galopante e descoordenada. Os anos de colonização inglesa, a globalização e o payback time que anunciam. O " pacifismo hindu" e a polícia a guardar as mesquitas. A convivência pacífica com os muçulmanos e o rosto dos deuses hindus mutilados pelos muçulmanos. Uma sociedade pacífica e " espiritual" e o sistema de castas e a segregação social. A magreza das pessoas em Mumbai, nos slums, e os indianos gordos no resort em Goa... A Índia que dão aos turistas para ver e as embalagens minusculas de pastas de dentes (qt + pequeno, menos custa, + pessoas compram...). Os anúncios no jornal: "por favor não mate a sua filha...".

Um país fabuloso de muitos contrastes mas acima muito vibrante, a crescer muito, muito colorido, com pessoas cuja maior ambição na vida é ter 1 relógio...

E gostei do filme por isso... por me lembrar tudo isso e por retratar tudo isso muito bem... não por de facto ser 1 filme assim tão brilhante... muito bom mas não brilhante...

Dos outros para os Oscares, ainda só vi o Estranho Caso de Benjamin Button... e não fosse ele demasiado longo e com uns pastiches lá pelo meio pouco dignos do David Fincher e teria preferido muito mais...

E o Revolutionary Road? Esse sim! A não perderem!

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo plenamente (com toda a parte cinematográfica, quanto à Índia real confio em ti).

Também fiquei contente pelo Danny Boyle. Apesar de não gostar da expressão, o Trainspotting é mesmo um filme de uma geração (a nossa). E aquela banda sonora? Quantos anos me acompanhou?
Este mocinho tem arriscado em muitos géneros, e se os resultados podem nem sempre ser brilhantes, estão sempre acima da média.

Há um par de anos, depois de ver o Sunshine comentava com 2 mocinhos amigos como ele se arriscava a um dia receber o ouro de MadeiraSanta. Nem que fosse por andar a tentar géneros que passam ao lado há tantos anos. É claro que após muito discutir o filme descobrimos estava carregado de incoerências, mas mantenho: desde Alien (o 1º) ou 2001 que a ficção científica não era tão bem tratada.

Quanto ao Revolutionary Road, fugiu-me! Shame on me, tenho de tratar disso.


Bracara